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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Há desejos, afetos e paixões desordenados que precisam de cura

Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues
Arcebispo de Sorocaba (SP)

São Paulo atribui a decadência moral da humanidade à substituição da Verdade sobre Deus pela idolatria que consiste em adorar o não adorável (cf. Cl 3,5). O documento de Puebla, do Episcopado Latino-Americano (1979), refere-se a três formas de idolatria: a da riqueza, a do prazer e a do poder. O apóstolo dos gentios oferece, na Carta aos Romanos, uma lista de comportamentos que caracterizavam a cultura pagã de seu tempo. Fala de um aprisionamento da verdade, impedida de vir à tona, pelas escolhas ímpias e injustas dos seres humanos. Em outra passagem, o apóstolo afirma que os gentios, que não receberam a lei revelada, têm a lei "gravada em seus corações" (cf. Rom 2,15), razão por que são também responsáveis diante da própria consciência pelo mal que praticam.

Aqueles que creem de verdade em Deus, Pai e Criador, estão convictos de que existe uma ordem natural a ser respeitada e que a verdadeira liberdade consiste em assumir, na própria existência, o projeto de Deus que se pode descobrir pela consideração atenta, sensível à verdade, da natureza profunda do universo e da própria natureza humana. Quando Deus deixa de ser o fundamento último da existência humana, tudo se torna possível.

Os desejos dos indivíduos, ou de grupos, podem então se transformar em direitos e as leis acabam por abrir espaço para sua satisfação. Escutemos São Paulo: "Ao mesmo tempo revela-se, lá do céu, a ira de Deus contra toda impiedade e injustiça humana, daqueles que por sua injustiça aprisionam a verdade. Pois o que de Deus se pode conhecer é a eles manifesto, já que Deus mesmo lhes deu esse conhecimento. De fato, as perfeições invisíveis de Deus - não somente seu poder eterno, mas também a sua eterna divindade - são percebidas pelo intelecto, através de suas obras, desde a criação do mundo. Portanto, eles não têm desculpa: apesar de conhecerem a Deus, não o glorificaram como Deus nem lhe deram graças. Pelo contrário, perderam-se em seus pensamentos fúteis, e seu coração insensato se obscureceu.  Alardeando sabedoria, tornaram-se tolos e trocaram a glória do Deus incorruptível por uma imagem de seres corruptíveis, como homens, pássaros, quadrúpedes, répteis.  Por isso, Deus os entregou, dominados pelas paixões de seus corações, a tal impureza que eles desonram seus próprios corpos. Trocaram a verdade de Deus pela falsidade, cultuando e servindo a criatura em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém.

Por tudo isso, Deus os entregou a paixões vergonhosas: tanto as mulheres substituíram a relação natural por uma relação antinatural, como também os homens abandonaram a relação sexual com a mulher e arderam de paixão uns pelos outros, praticando a torpeza homem com homem e recebendo em si mesmos a devida paga de seus desvios.  E, porque não julgaram ser bom alcançar a Deus pelo conhecimento, Deus os entregou ao seu reprovado modo de pensar. Praticaram então todo tipo de torpeza: cheios de injustiça, iniquidade, avareza, malvadez, inveja, homicídio, rixa, astúcia, perversidade; intrigantes, difamadores, inimigos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, tramadores de maldades, rebeldes aos pais, insensatos, traidores, sem afeição, sem compaixão. E, apesar de conhecerem o juízo de Deus que declara dignos de morte os autores de tais ações, não somente as praticam, mas ainda aprovam os que as praticam" (Rom 1,18-31). 

Aí está, prezado leitor, uma descrição de costumes e de comportamentos que estão presentes, em grau maior ou menor, em todas as épocas da história. Aliás, a Epístola aos Romanos quer mostrar exatamente isto: todos os seres humanos, sem exceção, estão sob o domínio do pecado. Seu objetivo é mostrar que, em Cristo, somos salvos.

O reconhecimento de nossa condição de pecadores abre-nos para Cristo Redentor. Saberemos, entretanto, reconhecer que em nós há desejos, afetos e paixões desordenados que precisam de cura e saberemos perceber a ação de Deus que nos mobiliza na direção da prática do bem. Nesse sentido é impossível viver sem experimentar este conflito: "O querer o bem está ao meu alcance, não porém praticá-lo. Com efeito, não faço o bem que quero, mas pratico o mal que não quero" (Rom 7,18-19). A consciência dessa condição nos leva a Cristo que, pelo Espírito Santo, vem em nosso socorro e nos dá a graça de construir nossa vida segundo o projeto de Deus. Não precisamos ser escravos nem da lei nem de nossas paixões desregradas. Podemos caminhar na direção de uma liberdade sempre mais profunda, conduzidos pelo Espírito de Cristo. Um alerta: a cultura hedonista se alastra, cria leis que transformam em direitos comportamentos que destoam da verdade. Não se considere melhor que os outros nem se assuste, pois o Senhor nos diz: "não tenhais medo, sou eu" (Jo 6,20); e ainda: "eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos" (Mt 28,20).

Integrar a própria incompletude

Quando conhecemos o que somos podemos estabelecer metas
Diácono Adriano Zadoná- Com. Canção Nova
http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?e=12365

O ser humano traz em si certa medida de incompletude e ausência, e a isso atesta a imensa “procura” que ele realiza ao longo de toda a sua vida.Todos estão sempre à procura de algo. Todos buscam incansavelmente na vida – consciente ou inconscientemente – uma realidade que os possa completar. Muitos a procuram nos vícios, alguns em amores destemperados, outros ainda no dinheiro e nas posses… Mas o fato é que, se buscarmos em fontes erradas, nossa incompletude se tornará ainda maior e nos sentiremos cada vez menos saciados.

Tal incompletude pode ser percebida nos mais variados momentos de nossa história, principalmente, naqueles nos quais parece que, irremediavelmente, nos falta algo para nos sentirmos realmente completos na vida. Essa incompletude é humana, é puramente existencial. Diante de tal constatação, o que se faz necessário para o coração que quer crescer é a madura atitude de buscar integrar as próprias ausências. Mas como realizar isso?

Para tal pergunta nem sempre respostas prontas e encomendadas serão eficazes – apesar de muitos as perseguirem e até as exigirem… Contudo, diante desse questionamento torna-se perceptível que, para que este êxito de integração aconteça, é necessário recorrer a fontes que, de fato, nos possibilitem um encontro com nossa própria identidade, e isso sem negar nossa real essência e verdade. Nesse encontro é preciso também renunciar a toda deformidade que possa ter sido agregada a essa identidade, mas que, na verdade, não é parte integrante do que essencialmente se é.

Quando conhecemos o que somos e como funcionamos, e também o que não somos – e que a vida e as circunstâncias acabaram nos acrescentando –, podemos verdadeiramente estabelecer metas que nos possibilitem compreender aonde queremos chegar, integrando, dessa forma, nossas ausências em um projeto maior.

Assim não empreenderemos energias à toa, apenas “procurando” uma forma concreta para eliminar a própria incompletude. Mas, de maneira consciente, nos reconciliaremos com esta (incompletude), dando passos concretos na busca de ideais que nos integrem e nos tornem mais completos (lembrando que isso não é uma resposta pronta e absoluta, mas somente uma provocação para construí-la…).

Conhecer-se é o primeiro requisito para integrar-se. Quem se conhece e se compreende, retirando de si inverdades assumidas, conseguirá procurar um sentido para a vida de maneira certa. Quem se assume no que é – desde que não seja em uma deformidade falsamente agregada – eliminará a parte de incompletude que brota do fato de não saber em qual direção empreender os dias.

Integrar a própria incompletude é tarefa que só se acontece a caminho. A cada passo dado, assumindo-se e assumindo um Sentido que agregue sentido à vida, as ausências se dissiparão e os vazios poderão ser portadores de infinitas presenças. Desse modo, o coração poderá se tornar mais completo e menos perdido na vida e, assim, poderá empregar seus belíssimos esforços na aquisição de uma integrada e, possível, felicidade.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Este namoro nos ajuda a crescer?

Felipe Aquino - Comunidade Canção Nova
 
Há namoros complicados que se prolongam por muitos anos sem uma definição, havendo, às vezes, várias separações e voltas, sem que o relacionamento amadureça e chegue ao casamento. Então, é preciso examinar bem as razões pelas quais esses casais de namorados já se separaram tantas vezes. Os problemas que geraram as separações foram resolvidos ou será que ambos “taparam o sol com a peneira”? Se os motivos das separações foram importantes e eles souberam resolver em cada caso os problemas em suas raízes, e isso serviu até para uni-los mais, tudo bem, o namoro deve continuar. Mas, se os problemas são os mesmos, se repetem, e eles não conseguem resolvê-los, então é preciso pedir a ajuda de alguém que os oriente, no sentido de se tomarem uma decisão. 

Não se pode ficar no namoro como um carro atolado no mesmo lugar; o carro pode até atolar, mas deve sair e continuar a viagem. Faço uma pergunta aos dois: este namoro os ajuda a crescer? Cada um de vocês sente falta da presença do outro? Toda crise, qualquer que seja, enfrentada com coragem, lucidez, trabalho e uma boa orientação, pode gerar crescimento para a pessoa e para o casal. Uma crise de relacionamento pode até ser um aprendizado para uma futura vida de casados, quando essas crises acontecem e com mais frequência

O mais importante, repito, é não “tapar o sol com a peneira”; isto é, fingir que resolveram os problemas e irem empurrando o namoro com a barriga até o casamento. Quando um casal briga muito nesse período [namoro], pode estar certo de que vai brigar mais ainda depois de casados. Vale a pena isso? Então, se o relacionamento não vai bem e não melhora, então, é melhor terminá-lo. O namoro é para isso mesmo, para verificar se a outra pessoa é adequada para viver comigo para sempre, constituir família e ter filhos. Não caiam jamais no erro do “me engana que eu gosto”; que é a mesma coisa do avestruz que enfia a cabeça na areia para não ver a tempestade à frente; enfrente a tempestade ou então fuja dela. 

Nenhum casal de namorados deve partir para o casamento com dúvidas sérias sobre o outro; há muitos casos de separações de casados por causa disso. Há problemas graves que podem ser resolvidos com um bom diálogo, compreensão de ambas as partes, oração, orientação, paciência, entre outros. Mas não se pode acomodar com um problema; o rato morto não pode ficar no porão da casa porque vai fermentar e exalar mau odor. 

É preciso aprender a dialogar; tentar entender as razões do outro, saber se calar e esperar o outro falar tudo o que tem para falar. Um segredo que evita muitas brigas no namoro é saber combinar as coisas. Muitos brigam porque não combinam as coisas a fazer. Por exemplo, quando ir à casa de cada um, quando fazer um programa ou outro. Tudo deve ser combinado antes, com antecedência, para que as surpresas da vida não os leve a brigar. O povo diz, e com muita razão, que “o combinado não sai caro”. Então, se as coisas são combinadas antes, muitas brigas podem ser evitadas, isso vale inclusive para o noivado e casamento.
Se você tem consciência de que errou e machucou o outro, então a primeira coisa a fazer é pedir perdão e prometer-lhe que não fará mais isso. Esse ato de humildade fortalece o relacionamento e o torna mais humano. Mas mesmo assim, você terá de reconquistar a confiança que talvez tenha sido abalada quando você errou e magoou o outro. 

Algumas vezes há coisas mal-entendidas no relacionamento. É preciso esclarecer isso muito bem; não deixe que a fofoca destrua o namoro; coloquem as coisas às claras, com sinceridade e honestidade. A humildade é a fortaleza dos que amam; aquele que tem maior amor deve dar o primeiro passo, vencer o orgulho e ir ao encontro do outro. 

Reze e peça a Deus a graça de poder falar com clareza e sabedoria o que precisa ser dito. Consagre seu namoro a Deus e peça a Ele que os conduza.




Felipe Aquino - Comunidade Canção Nova
http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=11893